Archive for agosto, 2009

A Ajuda

 

O grande sábio, Rabi Yoel Sirkis, tinha um discípulo que era muito rico e generoso. Esse aluno nada escondia de seu mestre, com quem se aconselhava sobre todos os assuntos.

Certo dia, um taberneiro de uma aldeia procurou o rabino e relatou-lhe sua angústia: há anos sustentava-se honradamente de uma taberna, arrendada do pôrets (senhor feudal). De repente, apareceu outro homem, pedindo para arrendar a taberna, o que o deixaria sem meios de vida. O pôrets estava inclinado a aceitar a proposta e o locatário estava desesperado.

“Procure meu aluno, o milionário”, aconselhou o rabino, “e peça-lhe, em meu nome, que interceda por você junto ao pôrets. Estou certo de que, devido a sua riqueza e a seus diversos negócios, o pôrets levará em conta seu pedido e o estabelecimento ficará com você.”

O taberneiro seguiu o conselho do rabino e dirigiu-se à casa do discípulo abastado. Este preparava-se para viajar à grande feira anual que teria início no dia seguinte, e qualquer atraso na viagem poderia causar-lhe grande prejuízo. O rico consolou-o prometendo conversar com o pôrets sobre o assunto assim que voltasse da feira.

O taberneiro não se acalmou. “Até você ir e voltar posso perder minha fonte de sustento. O que será de mim, de minha esposa e de meus filhos?!” Expressou sua preocupação e lançou ao ricaço um olhar suplicante.

O abastado, porém, não se deixou levar pelo desespero do homem. “O sustento do homem é determinado em Rosh Hashaná, e ninguém pode tirar nada do que pertence a outro”, disse o abastado, na tentativa de fortalecer sua fé e confiança.

Quando o taberneiro viu que o rico não tinha a menor intenção de modificar seus planos, agradeceu-lhe a boa vontade de ajudá-lo na volta, e foi para casa com o coração pesado. Em casa, sua esposa esperava. Ela, tanto quanto ele, estava preocupada com o sustento da família. Ele contou-lhe sobre o conselho do rabino e sobre a promessa do ricaço, de que falaria com o pôrets após a feira. A mulher, tal como o marido, não ficou tranqüila. Caiu no choro e gritou para o marido: “Incompetente! Como pôde aceitar um desprezo desses?! Por que não exigiu que fosse imediatamente falar com o pôrets?!”

Houve muita tensão e briga na casa do taberneiro, nos dias que se seguiram. Mas acabaram passando, e tudo ficou bem. O rico regressou da feira e, após uma breve conversa com o pôrets a taverna permaneceu na mão do antigo arrendatário.

Passaram-se os anos e o rico faleceu. Todos da cidade foram ao seu enterro e choraram a perda daquele homem generoso, que jamais recusara-se a ajudar, com toda a boa vontade, aos necessitados. O próprio sábio, Rabi Yoel Sirkis, fez um discurso comovente sobre seu querido aluno.

Uma semana depois, o aluno apareceu a seu mestre, num sonho. Sua história, testemunho do mundo da verdade – foi perturbadora:

“Quando cheguei ao tribunal celeste, encontrei algumas almas trêmulas e preocupadas, à espera do veredicto. Entre elas havia almas de pessoas que eu conhecia. Uma delas, por exemplo, era um certo açougueiro, que foi negligente em seu trabalho e fez com que muitos tropeçassem.

“Seu julgamento teve início. A cena era apavorante. Cães e animais diversos surgiram de todos os lados, acusando-o de roubar sua comida e vendê-la aos judeus. De repente, ouviu-se uma voz que lhe falava em altos brados – ‘Como ousou dar nevelot e trefot (carne não kasher) para meus filhos comerem?!’

Mas naquele instante, apareceu um anjo defensor dizendo que o açougueiro já reconhecera seu erro, ainda em vida, e, inclusive, fizera teshuvá (arrependera-se e voltara a D-us). Doou todos os seus bens para tsedaká e jejuou até purificar sua alma, chegando ao nível de báal teshuvá (penitente). O tribunal celeste o considerou inocente e o enviou ao palácio dos baalê teshuvá.

“Quando chegou minha vez, meus joelhos tremiam. Meu julgamento foi rápido e fui declarado inocente. Imediatamente uma fileira de anjos me levou ao Gan Êden (Paraíso).

“Quando cheguei aos portões, postou-se no meu caminho um anjo, impedindo-me a passagem. ‘Quem é você e por que está bloqueando meu caminho?!’ – Perguntei espantado. ‘Sou o anjo criado a partir da bondade que você fez ao taberneiro aldeão, quando intercedeu por ele junto ao pôrets’, respondeu o anjo. Diante de tal resposta, meu espanto aumentou. ‘Como pode um anjo de bondade querer me atrapalhar?’

“O anjo suspirou e disse: ‘Embora você tenha feito uma boa ação para esse judeu, sabe o sofrimento que causou a ele e a sua família, durante o tempo em que esteve na feira? Pensou nas lágrimas derramadas por sua causa? Nas brigas e nos gritos que poderiam ter sido evitados se você tivesse agido imediatamente e não tivesse adiado sua conversa com o pôrets?’

“Por mais que eu argumentasse e me justificasse, de nada adiantou. ‘O favor que você fez para o taberneiro foi prejudicado, e para poder entrar no Paraíso você precisa corrigir essa falha’, falou o anjo avisando-me que eu precisaria esperar na porta do Gan Êden o mesmo número de dias que passei na grande feira, causando angústia ao taberneiro e a sua família.”

Algum tempo depois, o sábio Rabi Yoel Sirkis contou essa impressionante história aos habitantes de sua cidade e concluiu dizendo: “Disso aprendemos até que ponto temos de ser cuidadosos com cada mitisvá, e não retardá-la. Muito mais, ainda, quando se trata de uma mitsvá de que depende a vida de outro judeu – devemos ser ágeis e rápidos.”

(Traduzido de “Sichot Hashavua”,http://chabad.org.il)

*   *   *  

Leave a comment »

O Julgamento

 

 

Certa vez, Rabi Mordechai de Nadvorna, um grande líder chassídico, estava em uma longa viagem de trem com muitos de seus discípulos. O trem parou na cidade de Niridihous, onde deveriam fazer baldeação a fim de chegar a seu destino. Esperavam há vários minutos quando, de repente, uma jovem não-judia começou a gritar e chorar, atraindo a atenção tanto dos passageiros quanto da polícia. Ao que parece, roubaram-lhe a carteira, onde estavam seu dinheiro e a passagem de trem.

Em geral, era melhor que os judeus não se intrometessem nos assuntos dos não-judeus, principalmente nesse caso, em que a polícia procurava suspeitos. Foi, portanto, meio estranho quando Rabi Mordechai voltou-se a um dos mais jovens de seus chassidim e o mandou ao guichê comprar uma passagem para a mulher. Disse ao chassid que lhe desse também algum dinheiro para a viagem, sem dizer uma palavra sobre de onde vinha a pecúnia.

O chassid obedeceu e a mulher, espantada, ficou literalmente muda de gratidão. Passaram-se quinze anos. O chassid casou-se e teve filhos, o santo Rebe faleceu e o incidente foi totalmente esquecido.

O chassid tornara-se um bem sucedido empresário e tinha até amigos não judeus em altos postos. Certa manhã, recebeu uma intimação para apresentar-se em juízo, acusado de fraudar o governo. As acusações eram obviamente falsas, estava na cara que as testemunhas tinham sido pagas, mas isso em nada ajudava. Percebeu, de repente, que não tinha nenhum amigo verdadeiro, uma vez que ninguém estava disposto a auxiliá-lo. Correu de escritório em escritório e obteve as mesmas declarações e desculpas solidárias e vãs. Finalmente, contratou um advogado, rezou a D-us por um milagre e dirigiu-se ao tribunal.

A audiência durou menos de uma hora. Foi declarado culpado de todas as acusações e deveria ser detido até o julgamento. O chassid ficou desesperado. Pagou uma fiança e começou a procurar um advogado melhor. Mas nenhum quis aceitar seu caso.

Por falta de opção, resolveu viajar a Budapeste, onde morava o juiz que deveria julgar seu caso, na tentativa de encontrá-lo. Talvez conseguisse convencê-lo de sua inocência. Rapidamente arrumou sua mochila, levou consigo uma grande quantia em dinheiro e pegou o próximo trem.

Em Budapeste o chassid teve mais uma surpresa desagradável. Descobriu que o juiz era um anti-semita fanático. Não havia a menor possibilidade de que ele chegasse a olhar para um judeu, muito menos falar, e é óbvio que não teria a menor pena de um judeu.

Mas o chassid não se deixou abater, pois “tudo o que D-us faz é para o bem”, lembrou-se. De modo que deu umas voltas pela cidade, conversando com as pessoas, até que bolou um plano de ação. O chassid descobriu que a esposa do juiz adorava bordados finos, principalmente toalhas de mesa. Compraria a toalha mais cara que encontrasse e apareceria à sua porta, como se fosse um vendedor. Em seguida, se ela se interessasse, lhe ofereceria a toalha de mesa como presente e lhe pediria que tentasse influenciar o marido a seu favor.

Era um plano audacioso, e até meio bobo; ela poderia muito bem denunciá-lo à polícia. Mas não tinha outro jeito. O chassid passou a manhã toda procurando o mais primoroso bordado que houvesse em Budapeste até que, finalmente comprou uma toalha de mesa caríssima, realmente elegante, com guardanapos combinando. Dirigiu-se rapidamente à casa do juiz, tentando manter a calma. Subiu a escadaria que levava à porta, fechou os olhos, disse uma prece e bateu.

Foi a própria esposa do juiz quem abriu a porta. Olhou para ele de um jeito estranho. Ele tentou começar sua oferta de vendedor mas as palavras simplesmente não saíam. Ele tremia, paralisado de medo. De repente, a mulher deu um grito e desmaiou!

O primeiro impulso do chassid foi correr. Se ficasse lá seria acusado de alguma coisa. Mas se corresse e fosse pego, seria pior ainda!

Enquanto isso, o juiz ouviu o barulho e chegou correndo. Quando viu o chassid, espantou-se também. Baixou-se para cuidar da esposa, que recuperou a consciência, e perguntou-lhe: “Você está bem, Greta? O que houve?”

Ela abriu um olho, olhou em torno e, finalmente, apontou para o judeu. “Yorik, Yorik!” disse ela, levantando-se. “Lembra-se que lhe contei sobre cerca de quinze anos atrás, na estação de trem de Niridihous, quando perdi minha passagem e meu dinheiro e veio um anjo e me salvou? Bem, o rosto deste judeu… ele é a cara daquele anjo! É ele!”

Quando o juiz percebeu que aquele era o homem que salvara sua esposa, seu rosto mudou totalmente. Convidou o espantado judeu para entrar e lhe ofereceu uma recompensa. Quando soube do motivo da visita, prometeu-lhe um julgamento justo. É óbvio que o chassid foi absolvido de todas as acusações.

(Traduzido de “L’Chaim Weekly”, www.lchaimweekly.org)

Reimpresso com permissão do “Likrat Shabat on line” da Yeshivá Tomchei Tmimim. 

Leave a comment »

A maldição do tsadik oculto e a berachá do Rebe Shlita

Reb Leib Friedman contou-me, certa vez, a seguinte história impressionante:

O Rosh Yeshivá da Yeshivá Chayê Olam, em Jerusalém, sofreu, durante muitos anos, de problemas nas pernas. A doença foi piorando, até que ficou preso à cama. Os médicos insistiam que uma perna deveria se amputada. Se não adiantasse, a outra teria de sê-lo também. 

Em 1954, um de seus filhos casou-se. Centenas de rabinos e alunos de yeshivá estavam presentes no casamento. O Rosh Yeshivá pediu para ser levado ao salão numa maca, para participar do feliz evento.

Durante a comemoração, várias pessoas fizeram discursos, oferecendo palavras de Torá e abençoando os noivos. O Rosh Yeshivá também desejava falar. Como estava por demais fraco, não conseguindo nem mesmo se sentar, pediu silêncio absoluto, para que suas palavras fossem ouvidas. Quando todos calaram-se, iniciou sua história:

“Quando eu era jovem, fui para a yeshivá na cidade de Stuchin. Éramos trinta em toda a yeshivá, cujo local de estudo era a sinagoga local.

“Em Stuchin vivia um bêbado, a quem todos chamavam de ‘Itche Der Shiker’. Itche era famoso por seu mau hábito de beber até cair, acordar e beber de novo, e adormecer novamente. Ninguém sabia onde Itche morava. De fato, ninguém queria nem saber. Seus únicos amigos eram as crianças, que lhe falavam durante os raros momentos em que estava acordado. Itche encontrava-se quase sempre na sinagoga, onde os alunos da yeshivá também passavam a maior parte do tempo.

“Numa noite de inverno, estávamos sentados estudando, como de costume. Itche dormia sobre um dos bancos. De repente, a porta se abriu e entrou um cocheiro, muito nervoso e desesperado. ‘Rápido!’ gritou aos espantados bachurim (rapazes). ‘Vocês precisam me ajudar. Minha carroça carregada acaba de virar em cima do meu cavalo. As rédeas estão enroladas em volta do pescoço do animal. Se não desvirarmos a carroça imediatamente, o cavalo vai morrer enforcado! Por favor, venham me ajudar – não posso faze-lo sozinho’, implorou.

“O homem estava lá parado, enquanto nós discutíamos os prós e os contras de abandonar nossos estudos para ajudá-lo: será que era permitido interromper os estudos? No fim, chegamos à conclusão que negligenciar nossos estudos era um pecado grave demais para arriscar. Ficamos na sinagoga e continuamos a estudar. O coitado do cocheiro saiu irado e amargurado.

“De repente, Itche levantou-se de seu cochilo e disse, ‘Bachurim! Vão imediatamente ajudar aquele judeu, antes que seu cavalo morra! Se não forem, nunca mais caminharão sobre suas próprias pernas.’

“Eu lhe disse brincando: ‘Itche, desde quando você decide questões haláchicas?’ Ele me ignorou e não disse nada. Cerca de meia hora mais tarde, o desesperado cocheiro voltou, implorando, em termos mais enfáticos ainda, que fôssemos ajudá-lo. Procurara ajuda em toda parte, mas não encontrara ninguém que pudesse faze-lo. Tivemos mais uma discussão sobre se devíamos ou não ir, e dessa vez chegamos à conclusão que era, de fato permitido. Saímos da sinagoga e seguimos o cocheiro, mas chegamos tarde demais. O cavalo já estava morto.

“No dia seguinte, na sinagoga, Itche me chamou pelo nome. Eu ainda não tinha chegado, mas assim que entrei meus colegas me disseram que Itche queria falar comigo. Eu o encontrei no seu banco de sempre e lhe indaguei o que queria. ‘Ouça,’ disse. ‘Tenho algo a lhe pedir. Hoje à noite vou morrer, e não quero estar só. Gostaria que fosse à minha casa e estivesse comigo quando minha alma partir.’

“Comecei a rir. Pensei que estivesse apenas brincando, mas ele repetiu o pedido. Perguntei onde morava, e ele descreveu uma velha ruína na periferia da cidade, que lhe servia de casa.

“Quando anoiteceu, resolvi que eu bem que poderia ir à casa de Itche, pois estudaria lá do mesmo modo que na sinagoga. Peguei minha Guemará e me dirigi à cabana de Itche.

“Quando lá cheguei, encontrei Itche deitado numas tábuas, dormindo. Sentei-me num caixote quebrado, abri a Guemará e comecei a estudar. ‘O que estou fazendo aqui?’ pensei comigo mesmo, após várias horas. ‘Como me permiti cair numa dessas?’ Resolvi ir embora, mas assim que me levantei, Itche acordou. ‘Não vá embora!’ disse. ‘Volte a sentar. Vou morrer exatamente às quatro horas da manhã. Quero que diga à Chevra Kadisha que desejo ser enterrado junto ao Rabi fulano de tal.’ Itche citou um importante erudito, um tsadik e gaon que estava enterrado no velho cemitério judaico.

‘Por que está dizendo essas asneiras?’ falei. ‘Você nem ao menos põe tefilin, e quer ser enterrado junto de um tsadik desses?’

‘Por que você está dizendo que eu não ponho tefilin?’ Itche disse. ‘Lá no canto há um baú. Olhe lá dentro e encontrará meus tefilin.

“Fui até o baú e o abri. Para meu grande espanto encontrei um belíssimo par de tefilin, kasher acima de todas as exigências da halachá. Se eu não os tivesse visto com meus próprios olhos, jamais acreditaria que pertencessem a Itche. ‘Mas mesmo que eu diga à Chevra Kakisha onde você quer ser enterrado, não vão me escutar,’ protestei. ‘Debaixo do baú  com os tefilin há uma caixinha,’ disse Itche. ‘Lá você vai encontrar todos os meus escritos e manuscritos. Se os mostrar à Chevra Kadisha, ela atenderá ao meu pedido.’ Abri a caixa e examinei seu conteúdo. Uma rápida olhada mostrou vários tratados esotéricos cabalísticos, contendo conceitos, muitos dos quais me eram incompreensíveis. Uma coisa, porém, era certa: o homem que jazia naquela decrépita cama de madeira era um tsadik oculto.

“Exatamente às quatro da manhã ele expirou. Depois que ele morreu, corri imediatamente para falar com o Rav e a Chevra Kadisha, conforme sua orientação. Contei-lhes a história toda, e levei comigo a caixa com os manuscritos para apoiar minhas palavras. Havia apenas um problema: a Chevra Kadisha afirmava que não havia mais lugar no velho cemitério. Há muitos anos os mortos da cidade estavam sendo enterrados no novo cemitério, por falta de espaço no  velho. Contudo, fomos verificar. Ficamos chocados ao descobrir que realmente havia lugar para Itche ser enterrado – bem ao lado do rabino que ele mencionara!

“A cidade inteira ficou em polvorosa com a história incrível e espantosa. Fizeram para Itche um grande e pomposo funeral, em que estiveram presentes a maior parte dos judeus importantes da cidade, que foram prestar-lhe as últimas  homenagens.”

Àquela altura do discurso, o Rosh Yeshivá começou a chorar. Grandes soluços, de cortar o coração encheram o salão do casamento. “Não tenho dúvida”, disse ele ao se recompor, “que meus longos anos de sofrimento e invalidez foram conseqüência direta  da maldição daquele tsadik oculto.”

Ninguém conseguiu conter as lágrimas. Os convidados ficaram com muita pena do Rosh Yeshivá. A alegria do casamento foi esquecida diante da triste história.

Eu estava presente na festa. Durante muito tempo, não consegui tirar a história da cabeça. Como eu me correspondia com o Rebe de Lubavitch, resolvi mencionar o Rosh Yeshivá em minha próxima carta. Pedi ao Rebe para rezar pelo infeliz judeu e lhe dar uma berachá para que recuperasse a saúde.

Pouco tempo depois recebi uma resposta: Diga ao Rosh Yeshivá que ele deve aceitar sobre si o estudo das porções diárias de Chumash, Tehilim e Tanya, conforme instituído pelo Rebe anterior. Além de estudar esses capítulos, escreveu o Rebe, ele deve cuidar para que todos os que se encontram sob sua influência façam o mesmo (o Rosh Yeshivá adquirira um grande número de seguidores, com o passar dos anos). Pelo mérito de “andar no caminho do Rebe anterior,” D-us Todo-Poderoso o abençoará com a habilidade de andar literalmente também, escreveu o Rebe.

Fui imediatamente visitar o Rosh Yeshivá, para mostrar-lhe a carta. Ele ficou absolutamente submisso. Ficou tão feliz e empolgado, que beijou o pedaço de papel. Como a carta era endereçada a mim, pedi que me devolvesse, mas ele implorou que a deixasse com ele, ao menos temporariamente, o que fiz.

Cerca de seis meses depois, quando de minha próxima visita ao Rosh Yeshivá, ele estava sentado à sua escrivaninha. Os médicos já não falavam em amputação, falavam apenas de seu progresso e reabilitação. E seu estado continuou a melhorar.

Quando a história do Rosh Yeshivá tornou-se mais conhecida, muitos chassidim foram a Jerusalém, falar com ele pessoalmente. Ele pediu a cada visitante que estudasse as porções diárias de Chumash, Tehilim e Tanya, por causa dele, para assegurar-lhe saúde duradoura.

Do livro Extraordinary Chassidid Tales, do Rabino Rafael Nachman Kahan, Vol. 2, págs. 65-71. 

Reimpresso com permissão do “Likrat Shabat on line” da Yeshivá Tomchei Tmimim.

Comments (1) »

O Chassid que foi Dispensado do Exército

O chassid, Reb Ozer Winikorsky za’l, precisava passar pelas sete fogueiras do Guehenom, por onde tinham de passar todos os que se apresentavam para o serviço militar. Apresentou-se cinco vezes diante das autoridades de convocação, e cada vez que precisava aparecer diante do departamento médico, ficava tenso e apavorado.

Procurou o Rabi Levi Yitschak (pai do Rebe) e pediu sua bênção e orientação, para salvar-se das garras dos que conspiravam contra ele. Percebendo a aflição e o sofrimento do chassid, Rabi Levi Yitschak deu-lhe uma orientação detalhada do que deveria fazer a fim livrar-se de seus problemas. Falou-lhe o dia exato em que devia apresentar-se, a hora, e a rua por onde deveria chegar, que capítulos de Tehilim deveria dizer antes de ir, e quantas moedas deveria dar para tsedaká. Disse-lhe, inclusive, que ao chegar à porta do escritório do Serviço Militar, pensasse no Nome de D-us, e só depois se apresentasse. Deu-lhe sua bênção e sua promessa de nada de mal lhe ocorreria. Pediu-lhe também que depois voltasse a vê-lo, para contar tudo o que ocorrera.

“Quando lá cheguei” – relatou Reb Ozer – “após fazer tudo conforme a orientação do Rabi Levi Yitschak, entrei na grande sala onde havia várias mesas ordenadas. Ao lado de cada mesa estava sentado um médico, cada médico tinha sua especialidade, e sua função era examinar o candidato, única e exclusivamente na área de sua especialização. Cada médico estava encarregado de uma área da medicina, de modo que o candidato deveria passar por todos aqueles doutores, para que não pudesse enganar quanto a seu verdadeiro estado de saúde.”

“Fui cuidadosamente examinado por todos aqueles médicos, e cada um escreveu seu relatório. Quando, finalmente, cheguei ao funcionário que deveria me dar o resultado final – fiquei surpreso quando ele me olhou penalizado e perguntou: ‘O que há com você, infeliz? Cada um dos médicos encontrou uma doença!’”

“Deste modo saí de lá como inapto, e fui dispensado do Serviço Militar!” –Reb Ozer concluiu seu relato do milagre pessoal que lhe ocorreu pela berachá de Rabi Levi Yitschak.

(Do livro “Toledot Levi Yitschak”, Vol. I)

Reimpresso com permissão do “Likrat Shabat on line” da Yeshivá Tomchei Tmimim

 

Leave a comment »