BS’D
Bernard Hillstein (o nome foi mudado) finalmente admitira que já não podia viver sozinho e teria de ir para uma casa geriátrica.
Sempre gostara de clima ameno.
De modo que, quando Bernie encontrou um “lar de velhos” no sul da Flórida, que tinha uma sinagoga e era totalmente Shomer Shabat, logo assinou o contrato.
Percebeu as letras miúdas só após ter pago o sinal e ter “desalugado” seu apartamento em New Jersey.
Ethel, com quem fora casado durante 56 anos, falecera há seis anos. Foi quando os médicos de Bernie o aconselharam a receber Oakley em sua casa.
Bernie adquiriu Oakley, um pastor alemão, cão-guia de serviço, para ajudá-lo a se virar sizinho.
Há seis anos Oakley era o companheiro constante de Bernie.
Sem Oakley, Bernie não sabe como teria sobrevivido à Covid.
Ele e Ethel não tiveram filhos e sua visão estava falhando. Sem Oakley no apartamento Bernie teria sofrido a maior das tristezas: solidão completa.
Como dá para imaginar, Bernie ficou preocupado quando viu, nas letras miúdas, que aquela residência para idosos não permitia animais de estimação, nem mesmo os de serviço.
Imediatamente Bernie veio ao meu escritório e me pediu para conseguir alguma exceção ou dispensa na proibição dos “pets”.
Bernie não conseguia se imaginar vivendo sem seu querido Oakley.
Escutei Bernie e telefonei para o “lar”.
O diretor me ouviu calma e educadamente, porém foi firme, explicando que a cláusula da proibição dos “pets” significava: nada de “pets”. Ponto final. Não havia dispensa nem exceções.
Telefonei para o rabino, capelão do lugar, e ele também, explicou que estava de mãos atadas. Não tinha influência nem autoridade para permitir que Bernie levasse Oakley para lá. Bernie estava à beira do desespero. Já tinha se desligado do apartamento de New Jersey e já pagara o sinal para a Flórida.
O pensamento de abandonar Oakley, o que significava viver só, lhe parecia uma sentença de morte.
Dei mais telefonemas e, finalmente, o diretor da casa geriátrica, já irritado, disse: “Essas são as regras. Se quiser, ligue para o Sr. Hertzler. Ele é o dono, e só ele pode lhe dar permissão. Porém, ele e um chassidishe yid bem idoso. Duvido muito que esteja interessado em ter um cão em sua propriedade.”
As coisas foram arranjadas como só Hashem pode fazer. O Sr. Hertzler, que raramente saía da Flórida, estaria em Nova York para uma festa de família. E consegui marcar um encontro com ele para a noite daquele domingo.
Quando cheguei na casa onde ele estava hospedado, em Boro Park, não tinha grandes esperanças de sucesso.
O Sr. Hertzler, que se sentia melhor falando em Yidish do que em inglês, era um judeu chassídico. Quando lhe apertei a mão, não pude deixar de perceber os números azuis em seu antebraço.
Percebi que seria uma missão inútil, pois que sobrevivente do Holocausto de 95 anos permitiria que um pastor alemão fosse hóspede em sua propriedade?
Com tudo isso, depois de ter dado tantos telefonemas para marcar esse encontro e ter viajado de Passaic até Brooklyn, eu tinha de fazer meu apelo. E se (ou mais provavelmente, quando) ele dissesse não, eu saberia que tinha feito tudo o que estava ao meu alcance.
O Sr. Hertzler foi extremamente hospitaleiro, ofereceu-me um delicioso kokush (rocambole) e chá forte e doce.
Depois de conversar um pouco sobre meu shul, fui direto ao ponto, e expliquei a situação e por que Bernie precisava de Oakley. Enfatizei que Oakley era tudo o que Bernie tinha na vida e a grande mitsvá que seria permitir que Oakley morasse com ele.
O Sr. Hertzler escutou pacientemente e em seguida respondeu citando um passuk, “Lo Yecherats Kelev Leshonô” (“Mas para todos os filhos de Israel, nenhum cão aguçará sua língua.” – Shemot 11:7).
Pensei que, talvez, o Sr. Hertzler não estivesse prestando atenção ao que eu dissera.
Repeti meu pedido, e ele repetiu o passuk.
Em seguida, ele olhou para mim e disse, com um sorriso.
“Esperei você durante setenta e oito anos. É óbvio que seu amigo pode levar o cachorro. De fato, eu mesmo pagarei por tudo de que o cachorro precisar.”
O Sr. Hertzler deve ter percebido minha confusão, e explicou:
“Em 1945, lá pro final da guerra, os nazistas estavam evacuando o lager (campo de concentração). Como eu sabia que os Russos deveriam chegar em poucos dias, resolvi me esconder debaixo das barracas, agachado. Os nazistas pegaram seus pastores alemães para encontrar todo e qualquer judeu, pelo faro. Sempre que um cachorro farejava um judeu, começava a latir. Quando o nazista e seu cão se aproximaram de meu esconderijo, rezei, repetidamente, com todo o coração: “Ulechol Benei Yisrael Lo Yechratz Kêlev Leshono.”
Para meu espanto, o cachorro passou bem perto de mim. Dava para sentir seu hálito. Contudo, o cão não fez o menor ruído, e seguiu adiante.
Foi quando fiz uma promessa a Hashem.
Do mesmo modo que Hashem recompensou os cães por não terem latido no Êxodo, eu também retribuiria a um pastor alemão por não ter latido na hora de minha própria Yetsiat Mitsrayim.
Finalmente, chegou o dia que tanto esperei.
“Diga a seu amigo que ele e Oakley serão meus hóspedes de honra.”
Fiquei mudo de espanto.
O Sr. Hertzler colocou mais um pedaço de kokush no meu prato e disse alegremente: “Você pensou que estava vindo me pedir um favor. Mas na verdade, é o oposto: Hashem o mandou aqui para que eu pudesse pagar minha dívida de setenta e oito anos. Por favor, vamos fazer juntos um lechaim para agradecer a Hashem por sua bondade.”
“Se não agora, quando?” – Hilel
(Ron Yitschak Eisenman –
Rav da Congregation Ahavat Israel –
Passaic, NJ)
(Recebi por WhatsApp)
“Vocês deverão ser pessoas santas para Mim. Não comam carne dilacerada no campo; atirem-na aos cães”
(Shemot 22:30)
D-us não fica devendo nada a ninguém.
No relato de Êxodo consta:
“Mas para todos os filhos de Israel, nenhum cão aguçará sua língua.” (Shemot 11:7).
Disse o Santo, Bendito Seja:
“Dêem a ele sua recompensa.” (Mechilta)
Rashi
Leilui Nishmat:
Eliyahu ben Aba
Chaim Avraham ben Sara e Yossef Fogel
Moshe Haim ben Kaila z’l
David ben Avraham (Curico)
Arie Leib ben Yaakov
Miriam bat Yaakov
Chava bat Libi
Efraim Kopl ben Eliyáhu
Chaim Shemuel ben Aba
Moshê Baruch ben Yaakov Tsvi haLevi
Miriam bat Yaakov Kopl Halevi
Beile (Berta) bat Refael
Aba (Abel) ben (Eliyáhu) Eliash Leibas
Pinchas ben Moshê
Mordechai ben Yaakov Kopl HaLevi
Lea bat Hersh
Efraim Shlomo ben Motl Halevi
Eliyáhu ben Yaakov
Yaakov ben Eliyáhu
Miriam bat David
Chana Liba bat Tuvia
Isaac ben Luzer
Libe bat Tzipora
Avraham Duvid ben Eliezer
Tzipora bat Zalman
Todos os soldados que caíram defendendo nosso povo HY’D
Todas as vítimas do terror HY’D