BS’D
Betsalel Schiff nasceu na antiga União Soviética. Atualmente mora em Israel e faz muito pelo povo judeu. Ele conta o seguinte:
Quando eu era criança, na segunda série primária, meu pai faleceu. Minha mãe também morreu cedo, devido a um incidente trágico. A história que vou contar aconteceu uma semana antes de meu casamento.
Era uma época cheia de perseguição e muito sofrimento. O pavor de cumprir mitsvot era enorme. Qualquer ação praticada em nome da Torá e do judaísmo era perigosíssima. Como eu já não tinha pais e morava sozinho, assumi várias missões por meus companheiros judeus, muitas delas perigosas.
Uma das minhas tarefas era conseguir arba minim (lulav, etrog, etc.) para os judeus de Samarkand. Viajava para a Geórgia para colhê-los para a festa de Sucot. Partia logo após Rosh Hashaná, de modo que eu pudesse estar de volta para Yom Kipur.
Certo ano, cheguei em Tbilisi, na Goeórgia, onde o policial de sempre me esperava. Ele me conhecia, e me levou ao local onde as palmeiras cresciam numa área à beira-mar. Como eu lhe pagava muito bem, o policial me esperou respeitosamente e até me conseguiu uma escada e um serrote. Cortei dez lulavim (ramos de palmeira), o que era suficiente para todos os membros de nossa comunidade. Em seguida, prossegui para Kutaisi, onde colhi hadassim (murta), que cresciam em abundância no pátio da sinagoga. Era isso o que eu fazia todos os anos.
Naquele ano, quando concluí minha tarefa e queria voltar para casa, em Samarkand, antes de Yom Kipur, soube que não havia passagens disponíveis. Ofereci muito dinheiro, o triplo do preço, mas não havia nenhuma passagem.
Eu conhecia um judeu que tinha uma farmácia. Achei que ele poderia me ajudar. “Se não houver passagem para Samarkand, pelo menos me ajude a chegar em Moscou, onde mora meu irmão”, implorei. Eu tinha esperanças de poder passar Yom Kipur lá, com ele.
O homem fez o que pode, mas nada conseguiu. Acabou conseguindo acomodações para mim num hotel especial, perto do aeroporto, na esperança de que na manhã seguinte, véspera de Yom Kipur, eu conseguisse lugar num avião que fosse para Samarkand, ou pelo menos para Moscou.
Quando entrei no quarto, vi um jovem dormindo em uma das camas. Deitei-me na outra cama e adormeci. Na manhã seguinte, acordei cedo e corri para o aeroporto, para ver se havia algum vôo. Vi que eu tinha tempo até que os aviões começassem a partir, e voltei para meu quarto. O outro homem tinha acordado e estava sentado na cama. Eu queria pegar meus tefilin e rezar, mas sua presença me incomodava. Perguntei se ele ia logo embora ou se ia ficar no quarto.
“Não estou com pressa e vou ficar aqui”, disse, dando de ombros. “Por que, precisa de alguma coisa?” – Perguntou.
– “Sim, você está me atrapalhando” – eu disse honesta e corajosamente. “Hoje à noite temos um grande feriado e agora quero rezar.”
“Então reze”, disse ele, “não estou atrapalhando.”
Por falta de opção, voltei-me para a parede, coloquei meus tefilin e comecei a rezar. Quando acabei, virei-me e vi que o jovem já tinha se vestido. Trajava uniforme de oficial do Exército Vermelho. Quando vi sua patente e suas medalhas, vi que tinha entrado pelo cano. Pensei: “Pronto. Estou frito. Eu não sabia o que fazer, pois tinha sido pego no flagra pondo tefilin. Eu ainda estava em estado de choque, e pensando no que diria quando ele me perguntou calmamente: “Que feriado temos hoje?”
Por um instante não captei o que ele queria dizer, e eu disse: “Hoje à noite é Yom Kipur.” Olhei para ele e vi que ele estava sentado na cama, de cabeça baixa, perdido em pensamentos. Em seguida, ouvi que ele suspirou e disse para si mesmo: “Oy, Moishe, o que está havendo com você? Nem isso você lembra?” E caiu no choro.
Depois que se acalmou me perguntou: “O que você quer agora?”
– “Quero voltar para casa antes do feriado”, eu disse.
– “Para onde quer ir?”
– “Para Tashkent.”
– “Então venha comigo.” E se levantou e saiu do quarto.
Lá fora, vi um veículo militar e um motorista. Ele disse ao motorista para nos levar para o aeroporto. Quando chegamos lá, ele perguntou onde ficavam os aviões para Tashkent (que é perto de Samarkand). Saímos para a pista e ninguém ousou detê-lo, tampouco falar alguma coisa. Sua alta patente impunha respeito. Quando achou o avião para Tashkent disse ao piloto: “Para onde está indo?”
“Tashkent.”
“Leve-o”, ordenou.
O piloto não ousou desobedecê-lo e eu consegui chegar em casa antes de Yom Kipur.
Antes de se despedir de mim, o oficial me perguntou: “Se eu quiser encontrar você em Tashkent, como faço?” Eu lhe disse que fosse à sinagoga e perguntasse por Betsalel. Alguns meses depois ele realmente foi a Tashkent e me procurou.
Por Menachem Ziegelboim
Beit Moshiach Magazine
Adaptado de: http://lchaimweekly.org/
http://lchaimweekly.org/lchaim/5763/736.htm#caption3
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